domingo, 14 de setembro de 2008

A ESCRITA E A LEITURA NO HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA

Mary Jones, Cida Marconcine,
Alessandra Carvalho e Maria Onice


No dia 14 de setembro de 2008, o grupo The Girls se reuniu para realizar o debate proposto pela disciplina Produção de Materiais Autodidáticos, sobre “Escrita e Leitura no Hipertexto com Aprendizagem Ativa”. Veja na íntegra o resultado deste proveitoso debate:


CIDA: Na cultura digital faz-se necessário que os cidadãos estejam preparados para lidar com a tecnologia. Então é preciso estar “alfabetizando e letrando” ao mesmo tempo. Olha o que diz o texto de Antonio Carlos Xavier (Letramento Digital e o Ensino) da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE): “alfabetizado seria o sujeito que adquiriu a tecnologia de escrita, sabe decodificar os sinais gráficos do seu idioma, mas ainda não se apropriou completamente das habilidades de leitura e de escrita. Já o letramento é uma prática cultural, sócio e historicamente estabelecida, que permite ao indivíduo apoderar-se das suas vantagens e assim participar efetivamente e decidir, como cidadão do seu tempo, os destinos da comunidade à qual pertence e as tradições, hábitos e costumes com os quais se identifica.” Na atualidade, existem pessoas que não estão nem alfabetizadas e nem letradas digitalmente. Eis o grande desafio das escolas na atualidade.

ALESSANDRA: É inevitável, Cida, que escola então sofra as influências das tecnologias e da crescente popularização da Internet. Há necessidade de convívio entre as antigas e novas tecnologias, afinal todas têm o seu lado positivo. A escola deve buscar alternativas para a utilização do hipertexto, reconhecendo nele uma ferramenta de aprendizagem que possibilita a autoria, pesquisa, construção cooperativa e interativa, onde professores e alunos aprendem juntos.

ONICE: O trabalho com o hipertexto requer um planejamento prévio do professor, pois exige navegação e pesquisa. Para o aluno esse trabalho é sempre de grande valia, propicia colaboração e como não existe grupo homogêneo, o hipertexto vem atender a essas diferenças individuais, cada um trabalhará de acordo com seu ritmo de trabalho e grau de interesse.
É verdade, Cida, que nem todo professor se encontra “alfabetizado e letrado” como você comentou. Para Lúcia Leão (O Labirinto da Hipermídia, 1999), "o leitor em hipermídia é um leitor ativo, que está a todo momento estabelecendo relações próprias entre diversos caminhos. Como um labirinto a ser visitado, a hipermídia nos promete surpresas, percursos desconhecidos...".

Mapa Conceitual
Crédito: Fabiana

MARY: Minha opinião é que o computador e internet são estímulos à leitura uma vez que promovem tantos momentos de construção de conhecimentos com várias fontes de informação. Fazem parte das novas TICs (Tecnologias de Comunicação de Informação). Mas para isso devem ser utilizados de forma correta, para educar, para informar. Por isso é muito importante que professores e pais estejam preparados para lidar com essas ferramentas tecnológicas, de forma a orientar seus alunos e filhos para seu bom uso.

CIDA: Veja bem, Mary, se não tivermos cuidado, a internet muda nossa relação com a leitura e a escrita de forma negativa. Pode nos “deixar preguiçosos” de ler bons livros, pesquisar em outras fontes, que não seja a virtual e pode nos levar à tentação do copiar e colar, mesmo não negando a fonte, fazendo com que o nosso “produzir textos” seja severamente prejudicado.

MARY: Isso me faz lembrar de uma experiência que tive o semestre passado, com uma turma do ensino médio e senti essa dificuldade. Os alunos logo queriam ir para a internet e "pesquisar" o assunto. Primeiro apresentei um livro sobre o tema a ser pesquisado e foi aquela confusão por não encontrarem nas primeiras páginas o assunto. Depois o mesmo pedido foi para uma busca na internet, um ou outro aluno trouxe para a sala os famosos artigos da internet só que sem referências. Aproveitei as falhas e orientei que devem procurar no índice os assuntos, ler, fazer anotações, tanto no livro quanto na internet. A segunda fase foi a procura de imagens relacionadas ao tema para ilustrar, que serviram de pesquisa para outras turmas da escola. Deve ser por ai o caminho de estimular a leitura e a produção de textos, fazendo do computador e da internet aliados e não ameaças na escola.

CIDA: Isso mesmo, Mary, a internet pode sim melhorar nossa relação de leitura e escrita. De leitura, porque as várias fontes de informações possibilitam o senso crítico, critérios de escolhas e treinamento de leitura dinâmica. Muito se tem falado também com relação à diferença de leitura de um texto impresso e outro virtual. Em minha opinião, é muito mais prazeroso e de melhor leitura um texto no papel do que na tela: os olhos cansam menos. Por isso, os livros jamais serão substituídos ou o papel deixará de ter importância. Com relação à escrita, o acesso a tanta informação nos faz ter mais dados para a produção, podemos comparar várias opiniões e tirar as nossas próprias.

MARY: No livro Escrevendo com o Computador na Sala de Aula, de autoria José Márcio Augusto de Oliveira, há uma citação do Pierre Levy que diz: “O leitor em tela é mais ‘ativo’ que o leitor em papel: ler em tela é, antes mesmo de interpretar, enviar um comando a um computador para que projete esta ou aquela realização parcial do texto sobre uma pequena superfície luminosa.” Contradiz o que você pensa, né, Cida?


Hipertexto
Crédito: Bitbiblio

ONICE: O hipertexto é algo que vai além do texto. Subverte o processo de leitura seqüencial, dá ao leitor uma liberdade de navegação. Uma das vantagens do hipertexto possibilita as informações de forma imediata, indo direto ao assunto que interessa. Uma desvantagem é a desorientação que o mesmo pode causar em meio a tantas informações.

ALESSANDRA: Em relação à autoria, como o hipertexto tem características subversivas, como bem disse a Onice, entendo que uma vez na rede, mesmo que não neguem a autoria de um trabalho, o mesmo vai estar exposto ao ser publicado, pois passa a ser como o próprio nome diz, algo público. Ao se criar links, passa-se a utilizar algo de outros. A idéia de hipertexto é voltada para a co-autoria, parceria, uso coletivo. Segundo Andrea Cecília Ramal, (Ler e Escrever na Cultura Digital) "cada uma das páginas da rede é construída por vários autores: designers, projetistas gráficos, programadores, autores do conteúdo do texto. Cada percurso textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Não existe, portanto, um único autor: seria mais adequado falar de um sujeito coletivo, uma reunião e interação de consciências que produzem conhecimento e navegam juntas”.

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